Como escolher a seção ideal do fio elétrico para cada ambiente

Vai comprar fios elétricos e viu medidas como 1,5 mm² ou 4 mm²? Descubra o que significam as seções dos fios, como elas influenciam a corrente elétrica e onde usar cada tipo

Fio desenrolado

5/8/20245 min read

Como escolher a seção ideal do fio elétrico para cada ambiente
Como escolher a seção ideal do fio elétrico para cada ambiente

Seções dos fios: o que significam e por que você precisa entender isso antes de fazer qualquer instalação elétrica

Se você está construindo, reformando ou até mesmo trocando algumas tomadas em casa, provavelmente já se deparou com essa dúvida: o que significam os números nas seções dos fios elétricos? Aqueles 1,5 mm², 2,5 mm², 4 mm² e por aí vai não estão ali por acaso. Eles são extremamente importantes e influenciam diretamente na segurança, na eficiência e até no funcionamento dos seus aparelhos elétricos.

Muita gente pensa que é só escolher um fio qualquer, ligar e pronto. Mas a verdade é que usar a seção errada pode trazer sérios riscos, como aquecimento excessivo dos fios, desperdício de energia e até incêndios. Neste post, vamos te explicar de forma clara, simples e sem enrolação o que são essas medidas, por que elas importam e como escolher o fio certo para cada situação da sua casa.

O que são seções de fios?

A seção de um fio elétrico nada mais é do que a área da sua parte condutora — ou seja, a parte de cobre (ou alumínio, em alguns casos) por onde a eletricidade realmente passa. Essa área é medida em milímetros quadrados (mm²).

Em outras palavras, é como se você cortasse o fio no meio e olhasse a parte de dentro. A área dessa parte interna, circular, é o que chamamos de seção transversal. E sim, quanto maior essa área, mais corrente elétrica ele consegue conduzir sem esquentar demais.

Por que a seção do fio é tão importante?

Você já tentou beber um milkshake com um canudo fino? É difícil, né? A corrente elétrica funciona de forma parecida. Se você tenta passar muita corrente por um fio com seção muito pequena, ele superaquece. Isso pode derreter a isolação, causar curto-circuito, danificar seus aparelhos ou, em casos extremos, iniciar um incêndio.

Além disso, um fio com seção adequada ajuda a economizar energia, pois reduz perdas por efeito Joule (o famoso "esquentar o fio"). Então, escolher bem não é só uma questão de segurança, mas também de eficiência.

Seções mais comuns e onde são utilizadas

Agora que você entendeu o que é a tal da seção, vamos ver os tamanhos mais comuns e onde eles costumam ser usados. Essa parte é essencial para qualquer pessoa que esteja mexendo com elétrica.

1,5 mm² – Para iluminação

Esse é o fio que normalmente se usa para ligar lâmpadas e pontos de luz em geral. Como lâmpadas consomem pouca corrente, 1,5 mm² é suficiente para suportar essa carga sem problemas.

Capacidade média: até 15 A (amperes)

Aplicações comuns: lustres, spots, plafons, luminárias de parede, abajures com interruptor fixo, etc.

2,5 mm² – Tomadas de uso geral

Esse é um dos fios mais versáteis e usados nas casas brasileiras. Serve para a maioria das tomadas comuns, que alimentam TV, ventilador, carregador de celular, notebook, roteador, entre outros.

Capacidade média: até 21 A

Aplicações comuns: salas, quartos, escritórios domésticos, e qualquer tomada padrão sem aparelhos de alta potência.

4 mm² – Tomadas com maior consumo

Já quando falamos de eletrodomésticos mais “pesados”, como micro-ondas, máquina de lavar roupa ou lava-louças, o ideal é subir para 4 mm². Esses aparelhos puxam bastante corrente, especialmente no início do funcionamento (a chamada corrente de partida).

Capacidade média: até 28 A

Aplicações comuns: cozinha, área de serviço, pontos com tomadas específicas para micro-ondas, forno elétrico ou lavadora.

6 mm² – Chuveiro elétrico e ar-condicionado

Esses dois são vilões clássicos do consumo energético. O chuveiro elétrico, especialmente os mais modernos, consome muita corrente. Já o ar-condicionado, dependendo da potência, também exige bastante.

Para esses casos, usar 6 mm² é praticamente obrigatório para garantir que o fio aguente o tranco sem esquentar.

Capacidade média: até 36 A

Aplicações comuns: banheiros (chuveiro elétrico), salas ou quartos com ar-condicionado, tomadas de 20 A para equipamentos potentes.

10 mm² ou mais – Quadros de distribuição e aquecedores potentes

Quando você está alimentando um quadro de distribuição ou lidando com sistemas de aquecimento central, o jogo muda. A corrente envolvida é muito maior, e o fio precisa ser robusto o suficiente para dar conta do recado.

Esses cabos são usados em instalações mais complexas, como em sobrados, casas grandes ou áreas comerciais.

Capacidade média: acima de 40 A

Aplicações comuns: ramais entre o medidor e o quadro, aquecedores de passagem, subquadros elétricos.

Como saber qual fio usar?

Essa é a dúvida de muita gente. E a resposta é: depende da carga elétrica que o circuito vai suportar. O ideal é sempre contar com um eletricista de confiança que faça os cálculos corretos. Mas existem alguns pontos que ajudam:

  • Consulte o manual do aparelho – Muitos informam a corrente ou potência exigida.

  • Use uma tabela de dimensionamento – Elas relacionam a potência ou corrente com a seção ideal.

  • Considere a distância – Se o fio for muito longo, talvez precise usar uma seção maior para compensar a queda de tensão.

  • Não economize na instalação elétrica – Fios mais grossos custam mais, mas segurança não tem preço.

Fio ou cabo? Qual a diferença?

Você também vai encontrar os termos fio sólido e cabo flexível. Ambos podem ter a mesma seção, mas têm características diferentes:

  • Fio sólido: mais rígido, difícil de dobrar. Ideal para instalações fixas e embutidas.

  • Cabo flexível: formado por vários fios fininhos dentro da capa. Mais fácil de passar por conduítes e ideal para reformas.

O mais usado atualmente em residências é o cabo flexível, por ser mais fácil de manusear, especialmente em locais com curvas ou espaços apertados.

Pode usar fio mais grosso do que o necessário?

Pode, mas com cuidado. Não existe problema técnico em usar um fio mais grosso do que o necessário — o que você não pode é usar um fio mais fino. Entretanto, fios mais grossos ocupam mais espaço, são mais caros e mais difíceis de instalar. Use com sabedoria e só onde fizer sentido.

Erros comuns ao escolher fios elétricos

  • Subdimensionar os fios – Colocar fio de 1,5 mm² onde deveria ser 2,5 mm² é um erro perigoso.

  • Ignorar a distância do circuito – Quanto maior o comprimento do fio, maior deve ser a seção para compensar perdas.

  • Desrespeitar normas técnicas – Toda instalação deve seguir a norma brasileira NBR 5410.

FAQ – Perguntas frequentes sobre seções de fios

1. Posso usar fio de 1,5 mm² em uma tomada?

Não é recomendável. Mesmo que pareça funcionar, o fio de 1,5 mm² não é indicado para tomadas, pois elas podem alimentar equipamentos que consomem mais do que ele aguenta. O ideal é usar 2,5 mm².

2. Como saber a bitola ideal para meu chuveiro?

Verifique a potência do chuveiro (em watts) e divida pela tensão da rede (127V ou 220V). O resultado será a corrente (em amperes). Depois, confira em uma tabela de dimensionamento qual seção corresponde a essa corrente. Em geral, chuveiros pedem 6 mm² ou mais.

3. Usar fio mais grosso que o necessário economiza energia?

Não exatamente. O que acontece é que fios com seção maior têm menor resistência, então há menos perda de energia por aquecimento. Mas, para circuitos curtos e com carga normal, a economia é mínima.

4. Posso misturar fios de seções diferentes no mesmo circuito?

Não deve. Cada circuito deve ter uma seção homogênea. Se precisar mudar a seção, o ideal é usar uma conexão ou dispositivo intermediário apropriado.

5. O que significa “queda de tensão” e como ela afeta a escolha do fio?

É a perda de tensão elétrica ao longo do cabo, especialmente em distâncias grandes. Se a queda for muito grande, os equipamentos podem funcionar mal ou nem ligar. Por isso, em circuitos longos, aumenta-se a bitola do fio.